Tenho uma dor que não melhora há mais de 3 meses… porque essa dor não passa?

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Você sabia que 20% da população mundial sente dor crônica?

 

A dor crônica é um problema global significativo que afeta milhões de pessoas, com sua prevalência variando de acordo com fatores como idade, sexo, condições de saúde e estilo de vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), regiões como América do Norte e Europa apresentam taxas mais altas de dor crônica em comparação com outras partes do mundo.

 

Essa condição é mais comum em adultos mais velhos, mas pode afetar pessoas de todas as idades, incluindo crianças e adolescentes. Algumas condições de saúde, como artrite, dor lombar crônica, enxaqueca e fibromialgia, estão associadas a taxas mais altas de cronicidade e as mulheres têm maior probabilidade de relatar dor crônica do que os homens, embora as razões para essa disparidade não sejam totalmente compreendidas (Zimmer et al, 2022).

 

No Brasil, as regiões Sul e Sudeste apresentam maior prevalência de dor crônica, possivelmente devido à maior proporção de idosos e ao maior número de estudos nessas áreas. Em contrapartida, as regiões Norte e Centro-Oeste registram taxas mais baixas, possivelmente devido à falta de estudos locais e menor acesso ao diagnóstico, especialmente no Norte (Santiago et al., 2023).

 

A dor crônica está frequentemente associada a fatores como idade avançada, gênero feminino, menor escolaridade, condições econômicas desfavoráveis, sedentarismo, distúrbios do sono, presença de comorbidades e limitações nas atividades diárias.

 

Como a dor crônica afeta a vida das pessoas?

 

Uma dor crônica pode impactar profundamente a qualidade de vida, levando a:

  • Dificuldades em realizar tarefas básicas, como vestir-se ou cuidar da higiene pessoal.
  • Redução da mobilidade, prejudicando a participação em atividades sociais e recreativas.
  • Perda de produtividade no trabalho, devido à dificuldade em desempenhar funções.
  • Problemas de sono, como insônia ou sono de má qualidade, resultando em fadiga e dificuldade de concentração.
  • Alterações emocionais, incluindo ansiedade, depressão e estresse.
  • Impactos nos relacionamentos pessoais e sociais, dificultando a interação com família e amigos.
  • Diminuição geral da qualidade de vida, com menor aproveitamento de atividades prazerosas.

 

Por que a dor não melhora?

 

Um dos fatores que perpetuam a dor crônica é o chamado ciclo vicioso da dor. Quando uma pessoa sente dor, surge uma sinalização ao cérebro sobre possíveis danos nos tecidos, levando a um foco excessivo do problema. Isso resulta em uma percepção disfuncional da dor, que aumenta a ansiedade, reduz o movimento e gera alterações no sistema nervoso, perpetuando o quadro doloroso (Meyr & Saffran, 2008).

 

Além disso, a forma como as pessoas interpretam e lidam com a dor é crucial. Isso inclui:

 

  1. Compreensão da origem da dor: Há clareza sobre o gatilho inicial da dor? (trauma, lesão, etc.).
  2. Conhecimento das consequências: Entenda o impacto das atividades diárias.
  3. Crenças limitantes: Informações interpretadas de forma errada, medos sobre a gravidade da dor, ou influências de experiências anteriores – sejam pessoais ou como observador de situações vividas por pessoas próximas. Esses fatores geram reações emocionais intensas, alterando o comportamento e perpetuando a percepção de dor (Di Lernia, 2020).

Como avaliar uma pessoa com dor crônica?

 

A avaliação vai além de medir a intensidade da dor em uma escala de 0 a 10. Aspectos importantes incluem:

  • Localização da dor: quanto mais centralizada, melhor o prognóstico; quanto mais periférico, espalhada, maior região acometida, maior a sensibilização.
  • Comportamento da dor ao longo do tempo: se ela é contínua, recorrente ou presente apenas em certos momentos.
  • Presença de condições associadas, como hipersensibilidade a estímulos (luz, cheiros), cinesiofobia (medo de se movimentar), e alterações no sono.
  • Fatores emocionais e psicossociais que podem influenciar a percepção e a persistência do dor.

Quais são as melhores intervenções para dor crônica?

  1. Terapias manuais e integrativas: Acupuntura e osteopatia podem proporcionar experiências de problema, ajudando o corpo a experimentar estados sem dor.
  2. Exercícios físicos: Ativam neurotransmissores que inibem a dor no nível central. É importante abordar o movimento de forma positiva, com progressão gradual, evitando fadiga e estabelecendo metas funcionais.
  3. Educação em dor: Compreender o funcionamento da dor aumenta os resultados terapêuticos.
  4. Evitar automedicação: O uso excessivo de medicamentos pode levar à tolerância e mascarar o problema real.

A chave para enfrentar a dor crônica é persistência, paciência e confiança no processo. Cada passo conta, e o conhecimento sobre o problema faz toda a diferença.

Giselle Notini Fisioterapeuta PhD Ciências do Desporto, MsC Educação em Saúde, Osteopata D.O Referência no Tratamento de Dor e Lesões Ortopédicas. @giselle_notini

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