
Formação médica e os impactos na saúde pública
A Medicina é uma profissão essencial para a sociedade, exigindo vocação e formação sólida criteriosa. No entanto, o que deveria ser um processo rigoroso e comprometido com a qualidade tem sido tratado, em muitos casos, como um mercado lucrativo, sem a devida preocupação com a qualificação dos futuros profissionais. A proliferação indiscriminada de cursos de Medicina, sem infraestrutura adequada e sem docentes qualificados, representa uma ameaça direta à saúde pública.
O Sindicato dos Médicos do Ceará tem acompanhado essa realidade e recebido denúncias alarmantes, como faculdades sem professores em disciplinas fundamentais, como neurologia e hematologia, além de coordenações sem médicos à frente do curso — uma afronta às diretrizes para uma adequada formação e às orientações do Ministério da Educação. Além disso, há relatos de redução da carga horária e de alunos em formação sem vivência e prática adequada, comprometendo a qualidade da formação desses futuros profissionais.
A busca pela Medicina tem crescido exponencialmente, movida pelo prestígio da profissão e pela demanda constante por médicos no Brasil. No entanto, a quantidade de cursos de Medicina e vagas de formação já é suficiente para atender às necessidades da população sem gerar um excesso de profissionais.
O desafio é garantir que os estudantes recebam uma formação de qualidade, sendo fundamental que as faculdades contem com professores e infraestrutura adequadas e bem equipadas – sejam com hospitais próprios ou parcerias – com centros cirúrgicos, UTIs e ambulatórios completos para as diversas especialidades de atuação da categoria.
O Sindicato dos Médicos tem atuado firmemente para denunciar e combater essas irregularidades. A expansão da formação médica deve seguir critérios rigorosos, e as faculdades já existentes precisam ser constantemente fiscalizadas.
Além disso, entidades médicas como o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Federação Médica Brasileira (FMB) e os sindicatos regionais devem ser ouvidos nesse processo, por estar em jogo a qualidade da formação dos futuros profissionais e, consequentemente, o atendimento prestado à população.

Compartilhe: