A Importância do Ensino no Hospital Escola

O mundo mudou e a medicina evoluiu extraordinariamente nas últimas décadas. A forma de aprender está vivendo em constante evolução e a Santa Casa se faz presente nesse processo, ciente de que precisamos ser inovadores na formação de jovens médicos. Utilizam-se novos desafios, sem perder a essência do ensino, que é o contato direto do médico com o paciente.

 

O pensamento é do médico generalista e professor universitário Bruno Cavalcante, ao analisar a Santa Casa como hospital de ensino e os excelentes resultados obtidos pelos futuros médicos que nesse hospital-escola têm aulas práticas e teóricas, tanto aqueles que realizam estágios acadêmicos, como os internos e os que cumprem residência médica.

 

Dr. Bruno destaca a introdução da tecnologia de ponta sem esquecer a arte da medicina e a pronta atenção ao doente. Na sua opinião, o contato direto e constante do futuro médico com o doente é fundamental para oferecer ao primeiro uma prática indispensável, e para o segundo, que passa a ter um interlocutor realmente interessado no seu problema de saúde.

 

A seguir, no estilo de perguntas e respostas, a entrevista com o Dr. Bruno Cavalcante:

 

RSC: Qual a importância da Santa Casa como hospital escola?

Dr. Bruno: A Santa Casa foi fundada em 1960, são 162 anos de história, e nesse período foi responsável pelo ensino e formação de muitos profissionais de saúde das mais diversas áreas. Na medicina, tem um papel ainda mais importante, tendo sido responsável pela formação de milhares de médicos que foram destaques aqui em Fortaleza e no Brasil.

 

RSC: Podemos dizer que a Santa Casa é referência no ensino?

Dr. Bruno: Sim! A Santa Casa tem um papel fundamental no ensino médico do Estado do Ceará. Hoje é uma das poucas instituições que disponibiliza estágio acadêmico para estudantes de medicina de todas as universidades. Além disso, a Santa Casa recebe por mês, em média, 50 internos, dentre eles, internos de intercâmbios internacionais. O nosso programa de residência está em constante crescimento, hoje com 32 residentes por ano, nas áreas de clínica médica, cirurgia geral, urologia, coloproctologia, cabeça e pescoço, entre outras.

 

Nos últimos anos, a educação permanente tornou-se um forte pilar na instituição, com sessões clínicas semanais, clube de revista, discussão de casos e seminários. Outro ponto importante é a Jornada da Santa Casa, que, pela pandemia, não ocorreu nos últimos anos, mas estamos preparando uma bem especial para os próximos meses.

 

RSC: Quantos alunos dentre internos e residentes temos hoje na instituição?

Dr. Bruno: Resumindo em números, a Santa Casa conta com 30 alunos da graduação médica no estágio acadêmico. Recebe, em média, 50 alunos do internato por mês. Tem 32 vagas de residência por ano. Além disso, recebe dezenas de alunos para vivência prática e é campo para diversas atividades multidisciplinares.

 

RSC: Quantos leitos o Serviço de Clínica Médica possui?

Dr. Bruno: O Serviço de Clínica Médica destinado ao ensino conta com 60 leitos de enfermaria e 07 leitos de terapia intensiva, contando ainda com 09 ambulatório didáticos de diversas especialidades clínicas.

 

RSC: Qual a receptividade dos alunos às atividades ministradas pelo senhor?

Dr. Bruno: Os alunos que recebemos, do internato, estão no final do curso de medicina, nos últimos dois anos da formação acadêmica. Essa fase da faculdade e destinada a prática, com atividades supervisionadas dentro do hospital.

 

Eles têm esse período como ápice do curso de medicina, pois é o real encontro deles com a prática médica diária. É o momento onde eles colocam em prática tudo que aprenderam nos 02 anos do ciclo básico e nos dois anos do ciclo clínico. No internato, eles vivenciam os verdadeiros desafios da medicina, fortalecem a relação médico paciente, entendem a rotina hospitalar e se preparam para realmente serem médicos.

 

RSC: Qual disciplina o senhor leciona? E os percentuais de práticas e teoria?

Dr. Bruno: Atualmente, dou aula no 8 semestre do Curso de Medicina da Unichristus, na disciplina de Clínica Médica, mas a maior carga horária hoje é na coordenação e preceptoria do internato e da residência da CM1, sendo nossa carga horária 80% prática, divididas entre Medicina Hospitalar e Medicina Ambulatorial, sendo os 20% restante as atividades teóricas.

 

RSC: De quais maneiras os alunos interagem durante as aulas?

Dr. Bruno: Os alunos do internato participam integralmente das atividades diárias da enfermaria e do ambulatório, sendo responsável, sempre supervisionado pelos residentes e pelos preceptores, por admitir, evoluir e acompanhar o paciente internado. Eles colocam em prática o aprendizado teórico dos anos anteriores para construir uma verdadeira relação médico-paciente, melhorar a coleta das histórias clínicas (anamnese) e do exame físico, discutir as principais doenças que acometem os adultos e aprender a reconhecer e tratar uma gama gigantesca de patologias prevalentes no nosso meio. Essas atividades são sempre acompanhadas dos Residentes de Clínica Médica da instituição e dos preceptores de diferentes especialidades clínicas.

 

RSC: Como o senhor analisa os resultados da aprendizagem dos seus alunos?

Dr. Bruno: Nossos alunos são avaliados diariamente pela supervisão direta dos residentes e preceptores, discutimos ainda os casos clínicos e as condutas em cada turno. Estimulamos uma autoavaliação dos alunos ao final do período, fazemos feedbacks regulares para melhoria constante dos alunos individualmente e do serviço como o todo. Eles fazem provas teóricas e provas práticas periódicas e damos muito importância a receptividade dos pacientes e da equipe multidisciplinar aos futuros médicos.

 

Dito tudo isso, percebo uma evolução gigantesca deles no final do estágio. Completam o período com muito mais conhecimento técnico, mais habilidades clínicas, mais segurança nos diagnósticos, estando assim mais preparados para o mercado médico e para serem futuros residentes.

 

RSC: Como o senhor se sente preparando hoje os médicos de amanhã?

Dr. Bruno: Infelizmente ainda vemos muitos médicos sendo formados para um mercado da década de 90, mas o mundo mudou, a medicina evoluiu muito nessas últimas décadas, a forma de aprender está em constante evolução e a pandemia acelerou ainda mais esse novo formato. Precisamos ser inovadores e disruptivos na formação de jovens médicos, apresentando os novos desafios, como por exemplo a telemedicina, sem perder a essência principal que é o contato médico-paciente.

 

Trazer a tecnologia de ponta, sem enfraquecer a arte da medicina e a atenção ao paciente. Ensinar no meio de tantas informações, nem sempre corretas, onde se manter atualizado e como fazer isso de forma eficiente. Precisamos, no meio da pressa do séc XXI, saber parar para ouvir e assim ajudar quem realmente nos procura.

 

RSC: Qual a mensagem passaria para novos jovens interessados em ingressar para aprender na Santa Casa?

Dr. Bruno: A Santa Casa é uma escola que ajudou na formação de milhares de médicos e com certeza trará ainda mais impacto nos próximos anos. Deixo meu convite aberto a todos os estudantes de medicina que quiserem participar do nosso estágio acadêmico ou acompanhar nossas atividades de educação permanente, que serão sempre bem vindos. Quem tiver interesse em conhecer mais pode entrar em contato com nosso centro de estudos.

 

RSC: Quem é o Dr. Bruno Cavalcante?

Dr. Bruno: Sou um entusiasta da Clínica Médica, empolgado com ensino médico inovador e apaixonado pela medicina à beira leito. Minha formação, com duas residências, foi sempre voltada para Medicina Interna e Medicina Hospitalar, estando hoje dividido entre a assistência e o ensino. Acompanho pacientes internados em alguns hospitais de Fortaleza e ensino jovens médicos em formação. Acredito que o ensino transforma não somente o aluno, mas transforma uma geração, transforma a sociedade, precisamos formar não somente médicos melhores, mas formar seres humanos melhores.

Dr. Bruno Bezerra de Menezes Cavalcante CRM: 12.238 RQE: 9264

  • Graduado pela Universidade Federal do Ceará (2010).
  • Residência em Clínica Médica e R3 de Clínica Médica no Hospital Geral de Fortaleza (2015).
  • Médico Assistente do Hospital Universitário da UFC – HUWC.
  • Professor de Clínica Médica da Universidade Christus (UNICHRISTUS).
  • Preceptor e Coordenador do Internato e da Residência em Clínica Médica da Santa Casa de Fortaleza.
  • Coordenador do estágio acadêmico em clínica médica da Santa Casa

 

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