A intubação traqueal ontem e hoje

A intubação orotraqueal é um dos procedimentos mais importantes da Medicina de Emergência. Sua evolução durante o tempo parece um filme de ficção científica dos mais arrojados. Lendo a história das vias aéreas, vocês vão descobrir um contínuo progresso de ideias e invenções no decorrer dos anos e muitos personagens são citados.

 

O termo laringoscópio (Latin: larynx, parte superior da traqueia; Grego: skopein, examinar) representa, de forma geral, a visualização da laringe através de instrumentos desenvolvidos e aperfeiçoados ao longo do tempo. Registros apontam que Hipócrates (460-380 a.C.), considerado como “Pai da Medicina” foi o primeiro a descrever a INTUBAÇÃO TRAQUEAL para suporte ventilatório. Em 1020 d.C, o filósofo e médico Avicena descreveu a intubação usando cânulas de prata ou ouro. Em 1543, Andreas Vesalius descreveu a intubação no trabalho “De Human Corporis Fabrica Libri Septem”.

 

O ano de 1895 deu origem ao primeiro laringoscópio direto desenvolvido por Alfred Kirstein, motivado pelo interesse na visualização das cordas vocais devido à morte de Kaiser Frederiks em decorrência de um câncer na laringe em 1888. Seu instrumento foi denominado como “autoscópio”, tendo publicado ainda a técnica e instrumentação de forma detalhada, incluindo a posição ideal da cabeça e pescoço (sniffing). Em 1903, Chevalier Jackson foi o primeiro a descrever a combinação da laringoscopia direta com a intubação endotraqueal, visualizando a passagem do tubo entre as cordas vocais. No ano de 1913, publicou os trabalhos intitulados como “The Technique of Insertion of Endotracheal Insufflation Tubes”.

 

O ano de 1913 ainda foi marcado pela primeira publicação relacionada à laringoscopia direta pelo anestesiologista Henry Harrington Janeway. Em 1941, Robert Arden Miller descreveu sua lâmina em linha reta na revista Anesthesiology. No ano de 1943, Robert Reynolds Macintosh foi o primeiro a sugerir colocar rotineiramente a ponta da lâmina curva na valécula em seguida levantar indiretamente a epiglote.

 

Nos dias de hoje, embora a técnica permaneça, as estratégias e os acessórios utilizados são inúmeros: temos a intubação acordada, intubação sem a utilização de drogas e a mais utilizada hoje em dia, a Intubação de Sequência Rápida. Vale bem destacar a Intubação de sequência rápida pois é a estratégia mais utilizada no mundo e a de maior sucesso. 

 

Descrita nos anos 70, hoje vem sendo realizada no Brasil de forma mais enfática nas residências de Medicina de Emergência em todo país. Além do mais a utilização de novos videolaringoscopios tem modificado a maneira de encarar esse procedimento e tem facilitado seu aprendizado e treinamento. Realidade em países do primeiro mundo, mas com preço ainda muito elevado, está distante de nossos recursos.

 

Seja de que forma possa ser realizada, o mais importante é que treinamentos sejam realizados de forma contínua para formar profissionais seguros na sua realização e salvar vidas.

Dr. Frederico Arnaud CRM: 5409 / RQE: 8974

Coordenador da Residência de Medicina de Emergência do Ceará.

CEO do Instituto Emergência Brasil- IEB.

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