A Santa Casa buscando novos caminhos

Ao final do ano de 2022 o Provedor Luiz Marques iniciou projeto de revisão na estrutura da Santa da Misericórdia de Fortaleza, para a busca de novas formas de captação de recursos com vistas a equilibrar a dificílima situação financeira que, de maneira geral, afeta as entidades filantrópicas com atendimento via SUS, cuja tabela não é atualizada há mais de 12 anos.

 

Isto é ainda mais impactante na nossa Santa Casa, tendo em vista que o percentual de atendimentos de pacientes SUS se encontra na casa dos 95%, cujos valores cobrem apenas 60% das despesas incorridas, num quadro que se agrava a cada dia e levou a Irmandade a uma situação já quase insustentável.

 

Mas, o patrimônio da mais do que sesquicentenária instituição é a sua abnegação no atendimento aos mais carentes, mote que a acompanha desde a ideia de sua fundação, em 1854, concretizada em 1861, em conjunto com o seu caráter de pioneirismo: o primeiro serviço de radiologia do Estado, em 1925, a construção de um dos primeiros pavilhões para tratamento da tuberculose, em 1930, o primeiro serviço de Urgência de Fortaleza, em 1933-37, o apoio à recém fundada Faculdade de Medicina do Ceará, em 1948, a inauguração do Centro Cirúrgico, em 1971 e da Unidade de Terapia Intensiva, em 1977.

 

É, portanto, uma história de vitórias sobre dificuldades, permitindo termos hoje uma instituição com ampla variedade de serviços em três hospitais bem equipados e com instalações modernas (Santa Casa, Eduardo Salgado e São Vicente de Paulo) e o Cemitério São João Batista, que é um referencial da memória de Fortaleza.

 

Por tudo isso, e comprometido com os seus pacientes e o futuro, a Santa Casa iniciou um diagnóstico de situação, buscando encontrar novos caminhos para reduzir o grau de dependência dos recursos do SUS, já que a atualização da tabela, pela defasagem, não se mostra factível no curto prazo.

 

O diagnóstico permite agora que a equipe interna de colaboradores, nesta nova gestão, analise a realidade e monte um quadro-proposta de ações a serem implementadas, tendo como foco o impacto no paciente, seja através da citada equalização financeira, seja na melhoria cada vez maior da atenção que hoje é prestada a quem procura esta Casa.

 

A recém-criada Diretoria de Inovação em Saúde dará o suporte necessário para levar a Santa Casa ao grupo das Instituições de Ciência e Tecnologia, mercê do seu quadro de excelência em várias especialidades, o que também abrirá caminhos novos, em termos de financiamento das suas atividades. Aliás, no quesito modernidade e tecnologia, em breve teremos funcionando um acelerador linear, equipamento altamente sofisticado para o tratamento completo das pessoas acometidas com cânceres, cujas obras estão em adiantado grau de andamento, em terreno ao lado do Hospital São Vicente de Paulo.

 

A implantação do acelerador linear permitirá a ascensão de Unidade de Assistência para Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON para CACON), com diferencial de incentivos que nos leva a projetar novas atividades para o São Vicente de Paulo, como exames complementares de diagnósticos e uma possível inclusão de ala para pacientes acometidos por câncer, inclusive com abertura para planos de saúde e particulares.

 

Com relação ao Cemitério São João Batista, as ideias iniciais já sendo avaliadas e discutidas tratam de transformá-lo em um equipamento turístico-cultural no nível de tantos espalhados pelo mundo. Afinal, nele encontram-se túmulos de personalidades que também dão nome a várias das principais artérias de Fortaleza.

 

No campo das doações, as mudanças estatutárias incluíram a categoria dos Associados Contribuintes Pessoa Jurídica, abrindo o leque para novas adesões daqueles que compreendem o abnegado trabalho que aqui é desenvolvido e querem com ele colaborar com fontes mais estáveis de recursos.

 

Com Estado e Município, dada toda a história da Santa Casa, a qualidade do atendimento que presta à população mais carente, a importância do setor de saúde, a qualidade dos serviços e o custo mais baixo por sua caracterização filantrópica, o relacionamento irá se tornar cada dia mais colaborativo, através de um diálogo permanente e aberto, destravando pontos que hoje, de certa forma, dificultam nossa atuação.

 

Assim, começamos a gestão 2023-2026 com o entusiasmo necessário para perseguir metas arrojadas que mantenham a Santa Casa no seu caminho de amparo a tantos quantos precisam de apoio humano em momentos de dificuldades.

 

Vladimir Spinelli Chagas Administrador e Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza

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