Academia Cearense de Medicina reflexões e sentimentos

No mais recente número dessa conceituada Revista, esclarecemos que a Academia Cearense de Medicina (ACM) se sustenta no tripé Ciência-Ética-História. Reitero essa informação como subsídio às reflexões que seguem. Imagino a preocupação do sábio e lúcido leitor ao constatar a fragilidade das colunas que nos pretendem amparar, na hodiernidade. Embora as dificuldades que ora experimentamos não seja apanágio da área médica, entendo que é, no nosso métier, onde aquelas colunas têm sido, mortalmente, atingidas. A história minuciada com interesses particulares e os propósitos científicos nem sempre confessáveis podem repercutir, gravemente, nos comportamentos éticos.

 

Talvez foi por isso, quase numa antevisão, que um grupo de professores da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará fundou, há 45 anos, a nossa Arcádia. Com ou sem esse propósito, é fato que, dentre as demais valorosas entidades médicas, somos a mais imiscuída em tão delicados valores. Antes que pensem ser essa uma tarefa fácil, adianto que configura um desafio quase impossível de enfrentar. O próprio seio do Sodalício, como fração e reflexo da sociedade que representamos, vivencia as vulnerabilidades e inquietações próprias da mundanidade contemporânea.

 

Mesmo aversos a querer ser palmatória do mundo, procuramos compor o nosso quadro de próceres por colegas de vidas pessoais e profissionais exemplares, que primam pela retidão, honestidade, reto propósito e humanismo. Por crer que a experiência de vida possa aprimorar nossas virtudes latentes, limitamos o acesso às lides acadêmicas a um tempo mínimo de 30 anos de graduado. Confesso, com entusiasmo, ser tão grande o número de esculápios que preenchem esses requisitos, em nosso estado, que sofremos na escolha dos que reocuparão as cadeiras vagas. São muito mais numerosos do que o número de cadeiras que temos a oferecer. Salve!

 

Sem embargo, embora contemplados pelas histórias de excelência dos cientistas, professores, literatas, pesquisadores, humanistas e profissionais da gestão e assistência médica, que nos ombreiam, o que mais nos honra é que são criaturas virtuosas, que buscam e/ou exercem, cotidianamente, as virtudes da humildade, justiça, benquerença e compromisso com tudo o que se relaciona com a saúde e a vida dos irmãos cearenses. Em verdade, além de grandes homens e mulheres, o que mais necessitamos é de grandes Almas.

 

Enfim, o que temos feito para melhorar a sustentabilidade das três colunas, por ora cambaleantes, que nos amparam? Respondo: como reforço eficiente, instalamos a viga da Amizade Sincera e o pilar da Verdade Possível nos nossos relacionamentos. Recomendo, pois funciona.

Dr. Janedson Baima Bezerra - CRM: 3068 / RQE: 5036 Graduação em Medicina pela UFC, em 1977 Presidente da Academia Cearense de Medicina

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