Angiotomografia Computadorizada na prática clínica e cirúrgica: principais indicações e diferenciais

Compartilhar no whatsapp
Compartilhar no facebook

A angiotomografia computadorizada (angioTC) consiste em uma modalidade de exame tomográfico que, utilizando uma técnica específica para a aquisição das imagens, enfatiza a avaliação das estruturas vasculares nos diversos segmentos do corpo, mais frequentemente direcionado aos vasos arteriais, porém também sendo possível avaliar as estruturas venosas, quando necessário. É realizada em aparelhos multislice, que são mais modernos e permitem a aquisição rápida dos exames, com a possibilidade de cortes mais finos e consequente maior número de imagens, gerando uma melhor resolução e reformatação do exame.

 

Assim como o exame tomográfico convencional, a angioTC tem as vantagens de ser um estudo acessível, pouco invasivo e de rápida execução, porém que deve ser indicado com critério e realizado após prévia avaliação do paciente, pois utiliza radiação ionizante e necessita do uso endovenoso do contraste iodado. Há a vantagem da aquisição conjunta das imagens dos tecidos adjacentes, em comparação com a angiografia do mesmo segmento, permitindo a detecção de alterações estruturais mais significativas nos órgãos adjacentes à avaliação vascular.

 

Várias especialidades médicas podem ser auxiliadas por essa categoria de exame (entre os principais, os neurologistas, neurocirurgiões, clínicos gerais, pneumologistas, intensivistas, emergencistas e cirurgiões vasculares, oncológicos e torácicos), seja para a investigação de doenças com acomentimento vascular direto ou indireto e/ou seus mecanismos, bem como para a avaliação da sua extensão, gravidade e possíveis complicações, além do uso para o planejamento pré-cirúrgico e o acompanhamento pós-terapêutico.

 

Entre as principais regiões estudadas, com seus respectivos exames e indicações mais frequentes, podemos citar:

 

– Cabeça e pescoço (angioTC de Crânio e angioTC Cervical) – utilizada principalmente na investigação de acidente vascular encefálico ou de insulto isquêmico transitório (permitindo a detecção de oclusão e trombose arterial ou de estenose carotídea); de trombose venosa central (permitindo a detecção de oclusão/trombose venosa); de hemorragias subaracnoides (permitindo a detecção de aneurismas cerebrais); e nas hemorragias parenquimatosas cerebrais (na avaliação da presença de possíveis malformações vasculares e/ou de sangramentos ativos).

Dra. Patrícia Maia Brasil - CRM 15.270 / RQE 10.497 Médica Radiologista - @patimaiabrasil
AngioTC de Crânio. Figura (A): Avaliação do polígono de Willis por reconstrução axial através do MIP. Figura (B): Reconstrução 3D do sistema arterial e venoso cerebral.

– No tórax (angioTC de Tórax) – utilizada sobretudo para a investigação de suspeita de tromboembolismo pulmonar (permitindo a detecção de oclusão e trombose arterial pulmonar, bem como dos seus achados agudos ou de cronicidade), mas também para avaliação da aorta torácica e de seus principais ramos (investigação e acompanhamento de aneurismas e suas complicações, coarctação da aorta, malformações e variantes anatômica de interesse clínico-cirúrgico).

AngioTC Arterial de Tórax. Cortes sagital (A), axial (B) e coronal (C) demonstrando falhas de enchimento nos segmentos segmentares do lobo inferior do pulmão direito, compatíveis com trombos, confirmando a suspeita clínica de tromboembolismo pulmonar.

– Abdome e pelve (angioTC de Abdome e Pelve), utilizando-a para avaliação de aneurismas e de malformações vasculares (investigação, acompanhamento clínico ou pós-cirúrgico e avaliação de complicações); avaliação da correlação de lesões neoplásicas com as estruturas vasculares adjacentes (planejamento pré-operatório).

AngioTC Arterial de Abdome. Cortes sagital (A), coronal (B) e axial (C) demonstrando ateromatose difusa aórtica e de seus ramos, destacando-se aneurisma fusiforme no seguimento infrarrenal (setas azuis). Observa-se ainda falha de enchimento linear intraluminal no segmento logo abaixo do aneurisma, indicando pequeno componente de dissecção, com lúmens verdadeiro e falso pérvios.

– Segmentos apendiculares (angioTC de Membros Superiores e angioTC dos Membros Inferiores) – utilizando-a sobretudo para investigação da doença arterial oclusiva periférica, mas também utilizada na avaliação de malformações vasculares, complicações cirúrgicas ou de procedimentos e no acometimento vascular em traumas.

AngioTC dos Membros Inferiores direito e esquerdo. Figura (A): Reconstrução coronal sob técnica MIP evidenciando ateromatose difusa difusa dos vasos avaliados. Figura (B): corte axial dos membros inferiores evidenciando ateromatose sobretudo nas ártérias femorais superficiais, calcificada à direita e fibrolipídica à esquerda.

Observa-se, portanto, a importância da angioTC, que, com imagens cada vez mais precisas, permite auxiliar de forma significativa a prática médica e direcionar melhor a conduta e planejamento terapêutico do paciente.

Compartilhe:

Compartilhar no whatsapp
Compartilhar no facebook

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Previous post Uma ponte para a transformação da saúde
Next post O impacto das redes sociais