A atividade física é definida como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos que resulta em gasto de energia. Quando é realizada de forma planejada, estruturada e repetitiva, com objetivo de melhorar a saúde ou o desempenho, damos a ela o nome de exercício físico. Portanto, todo exercício físico é uma atividade física, mas nem toda atividade física é um exercício físico.

Qualquer atividade física, seja ela planejada ou não, contribui para a saúde. Dessa forma, tarefas domésticas ou subir/descer escadas no dia a dia têm um certo grau de impacto positivo. Entretanto, exercícios programados, como um esporte, musculação ou corrida apresentam melhores resultados na manutenção da capacidade física e no controle do peso, assim como na redução dos riscos de mortalidade cardiovascular. Os exercícios podem ser classificados em aeróbicos (caminhadas, corridas, natação, ciclismo) ou de resistência (musculação), cada um com suas particularidades e incrementos na saúde do indivíduo.

A depender do grau de esforço físico envolvido na atividade, ela pode ser classificada em:
leve, moderada ou vigorosa. A intensidade leve exige pouco esforço físico e altera levemente a respiração e batimentos cardíacos, sendo possível falar normalmente enquanto se movimenta. A intensidade moderada exige um maior nível de esforço, com a respiração se tornando mais rápida e dificultando o diálogo. A intensidade vigorosa é marcada por uma respiração ofegante e frequência cardíaca elevada, impossibilitando o indivíduo de conversar enquanto se movimenta.

Mas lembre-se: dores no peito que se intensificam durante a prática de exercício, falta de ar desproporcional ao nível de esforço realizado, inchaço nas pernas e desmaios não são esperados. Nesses casos, procure um cardiologista para uma avaliação especializada.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) e diversas sociedades médicas, incluindo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), orientam a realização de pelo menos 150-300 minutos de exercícios moderados ou 75-150 minutos de exercícios vigorosos por semana para indivíduos adultos.

Para benefícios adicionais, as atividades de fortalecimento muscular de moderada intensidade que envolvam os principais grupos musculares devem ser praticadas em pelo menos 2 dias da semana. Idosos também podem adicionar atividades físicas que enfatizem o equilíbrio e a coordenação motora, auxiliando na prevenção de quedas.

A obesidade e o sedentarismo são problemas de saúde pública que têm se expandido por todo o mundo, inclusive com aumento de incidência nas populações mais jovens. Estima-se que 1 a cada4 adultos não praticam atividade física suficiente, segundo estatísticas da OMS. Tal dado é preocupante visto que diversas doenças cardiovasculares podem ser prevenidas com o auxílio do exercício e diversas mortes por ano poderiam ser evitadas.

A doença aterosclerótica é muito comum e atualmente representa a principal causa de morte no Brasil e no mundo. Ela é representada por 4grupos: doença coronária, doença cerebrovascular, doença arterial periférica e aterosclerose aórtica com aneurismas.

Um recente estudo coordenado pela Universidade de Harvard demonstrou que a prática regular de exercícios físicos é capaz de reduzir em até 36% o risco de mortalidade por tais doenças. A pesquisa foi publicada no periódico Circulation, considerada uma das principais revistas médicas de Cardiologia.

E qual o mecanismo por trás desses números? A atividade física promove melhora na qualidade de vida, aptidão cardiorrespiratória, força, flexibilidade e equilíbrio. Além disso, ainda possui diversos outros efeitos benéficos, como redução da pressão arterial, controle dos níveis glicêmicos, perda de peso, melhora do perfil lipídico e redução de inflamação.

Também influencia em outros hábitos saudáveis, reduzindo o estresse, o apetite e o desejo pelo cigarro, melhorando a saúde e bem-estar tanto do corpo quanto da mente. De forma que atua na redução de risco de mortalidade cardiovascular por interagir com todos esses fatores de risco. Ela é importante em todas as fases da vida e, quanto mais cedo é inserida na rotina e se torna um hábito, maiores os benefícios para a saúde.

Importante frisar também que os indivíduos devem idealmente ser submetidos a uma avaliação clínica pré-participação esportiva para atividades com moderadas a altas intensidades. Nessa consulta, é realizada uma anamnese detalhada em busca de fatores de risco preexistentes, sinais ou sintomas sugestivos de doenças cardiovasculares, assim como coleta de história familiar de doenças ou eventos relacionados à prática de exercícios.

Além disso, o exame físico é de fundamental importância para avaliação da ausculta cardiopulmonar em busca de sopros cardíacos, terceira ou quarta bulhas, alterações de pulsos e aferição adequada da pressão arterial.

Após isso, exames complementares podem ser necessários de acordo com idade, sexo e dados clínicos obtidos, sendo o eletrocardiograma de 12 derivações o mais recomendado. Lembre-se: o principal objetivo é identificar possíveis fatores de risco, prevenir o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e detectar precocemente doenças potencialmente causadoras de morte súbita. Dessa forma, a prática de exercícios físicos poderá ocorrer com maior segurança e promover todos os benefícios já citados anteriormente.

Escolha uma atividade que você tenha afinidade, estabeleça seus objetivos, comece aos poucos e ajuste sua rotina. A prevenção é a melhor forma de lidar com as doenças cardiovasculares!