Complicações Vasculares em Oncologia: TVP, Linfedema e Linfocele
Devido a maior longevidade da população mundial e a maior acessibilidade a exames complementares, houve um aumento de diagnóstico, tratamento e complicações decorrentes do câncer.
A trombose venosa profunda (TVP) e tromboembolismo pulmonar (TEP) são complicações que se devem principalmente a um estado de hipercoagulabilidade proporcionado pelo câncer. Cerca de 20% das pessoas com câncer (todos os tipos) terão eventos trombóticos.
Esses pacientes devem utilizar métodos para prevenção de TVP, principalmente os submetidos a cirurgia. A TVP, além dos sintomas locais, pode evoluir com TEP, que é uma patologia potencialmente grave.
Deve-se analisar a utilização de anticoagulantes oral ou parenteral no peri e pós-operatório, além de medidas clínicas (botas pneumáticas, fisioterapia motora e deambulação precoce). Para o tratamento da TVP/TEP, utiliza-se anticoagulantes parenteral ou oral, que tem como complicação mais comum o sangramento.
Para as complicações, deve-se avaliar o risco/benefício da suspensão da medicação e implante de filtro de veia cava para redução de risco de TEP.
No tratamento cirúrgico de vários tumores é necessário o esvaziamento linfonodal, o que pode acarretar linfedema e linfocele, decorrente da piora da drenagem linfática. O linfedema pode acarretar uma piora importante na qualidade de vida do paciente, além de aumentar os riscos de complicações tardias como erisipela e úlcera linfática.
Os métodos não medicamentosos devem ser recomendados como medidas posturais, tratamento compressivo com faixas ou meia, exercício físico, drenagem linfática, taping, terapia de ondas de choque, acupuntura, terapia fotobiomoduladora, terapia a vácuo, compressão pneumática intermitente ou eletroterapia, dependendo da necessidade de cada paciente.
O tratamento medicamentoso auxilia no controle da doença, mas deve ser um método complementar. Tratamento cirúrgico para o linfedema não é indicado de rotina.
A formação de linfocele é reportada em aproximadamente 30% dos pós-operatórios de ressecção de linfonodos, além de traumas e cirurgias não oncológicas. Na maioria dos casos, a linfocele é assintomática e reabsorvida, entretanto, em algumas situações, pode apresentar complicações, repercutindo com dor, infecção secundária, compressão de vasos sanguíneos resultando em estase venosa, trombose e edema.
O tratamento é de difícil consenso. Há várias formas de tratamento, como intervenção cirúrgica, drenagem externa, radioterapia, aspiração por agulha e infusão de agentes esclerosantes (povidona, iodo, bleomicina, álcool, doxiciclina, fibrina e polidocanol) a depender de cada caso.
É de suma importância avaliar a necessidade de um acompanhamento especializado e multiprofissional para avaliar os riscos e tratamentos da TVP, linfedema e linfocele.