É possível reverter uma vasectomia?
A cirurgia de vasectomia, assim como a laqueadura tubária, são técnicas cirúrgicas comumente realizadas como forma de planejamento familiar, para casais que não desejam mais ter filhos. O que pouca gente sabe é que esses procedimentos cirúrgicos possuem legislação específica no Brasil, bem como na maioria dos outros países.
A Lei 14.443 de Agosto de 2022 alterou o texto da antiga Lei do Planejamento Familiar (Lei 9.263 de 1996), reduzindo a idade mínima de 25 para 21 anos, a não necessidade de autorização do cônjuge e a dispensa do critério de idade mínima para indivíduos com pelo menos 2 filhos vivos. Manteve do texto antigo a necessidade de um intervalo de 60 dias entre a manifestação da vontade e a realização da cirurgia.
Os métodos cirúrgicos são os mais eficazes como contraceptivos, a necessidade de que sejam regulamentados por lei decorre da extrema dificuldade quanto a sua reversibilidade, bem como da existência de métodos contraceptivos não invasivos, igualmente eficazes e que podem ser suspensos a qualquer momento pelo paciente.
Em relação a vasectomia, a Sociedade Brasileira de Urologia calcula que até 15% dos homens referem arrependimento por ter feito o procedimento. Os principais motivos citados para o arrependimento são o desejo de constituir família em novos relacionamentos, cobrança de nova parceira e morte de um dos filhos.
A Vasectomia consiste na secção bilateral dos ductos deferentes, com isso, impedindo que os espermatozoides produzidos nos testículos sejam eliminados no sêmen ejaculado. Reverter essa cirurgia, a grosso modo, consiste em reconstruir esses canais, cujo lúmen é microscópico.
Enquanto uma vasectomia é um procedimento simples, realizado em apenas alguns minutos, com anestesia local e sem necessidade de internação hospitalar, a cirurgia para reversão de uma vasectomia, consiste em procedimento complexo, de alto custo, realizado por poucos Urologistas e com a necessidade de emprego de equipamentos de alta complexidade, tais como microscópio cirúrgico, materiais de microcirurgia e cuja eficácia, ou seja, a recuperação da fertilidade, não pode ser garantida.
Os principais fatores relacionados ao insucesso na recuperação da fertilidade são o tempo decorrido entre a realização da vasectomia e a reversão, com resultados ruins quando superior a 10 anos, a idade do paciente; embora não haja um limite de idade impeditivo, a presença de anticorpos contra espermatozoides e a presença de doenças clínicas adquiridas com a idade.
O emprego de equipamentos como microscópio cirúrgico, fios e pinças para microcirurgia bem como a experiência do Urologista são fatores que contam de forma positiva para o sucesso. É sim possível reverter uma cirurgia de Vasectomia e este procedimento, em casos bem indicados apresenta chances muito boas de recuperação da fertilidade do homem.
Apesar do grau de dificuldade técnica e do pouco conhecimento por parte da população geral, poucos procedimentos propiciam um grau de satisfação tão grande para o paciente e para a equipe médica.