Maternidade e Medicina: É possível conciliar?
Falar sobre maternidade e medicina é, sobretudo, refletir sobre a beleza de ser mulher. A mulher traz consigo a capacidade criativa que a leva a conciliar, com leveza e responsabilidade, diferentes e importantes aspectos de sua vida.
Trazemos inscrita no nosso ser feminino a vocação de gestar vidas, mas também o desejo de gestar sonhos e projetos. E essas não são realidades antagônicas; através de uma delicada harmonia, podem constituir uma unidade esplêndida na vida da mulher.
Evidentemente que a trajetória profissional de uma médica e mãe não será linear. E por que teria que ser? Teremos que aprender a retroceder por vezes; aprender a esperar… afinal, somos feitas de fases e devemos viver com alegria o que a vida nos pede em cada tempo.
Quando desenvolvemos a arte de ampliar o coração para acolher o filho que nos foi confiado, ganhamos em visão de mundo e compreendemos melhor a história de cada paciente.
Igualmente, saberemos usufruir dos momentos de estudo para exercer com excelência a medicina, se soubermos também compreender que nossa presença, nossa voz e nosso colo são únicos para aqueles que de nós descendem.
O grande segredo para viver bem a alegria da maternidade e a realização profissional consiste em hierarquizar e em superar o perfeccionismo.
Saber hierarquizar é saber priorizar o mais importante a ser feito naquele momento. Por vezes, será necessário delegar alguns aspectos da logística diária do seu filho para que você possa assistir de forma inteira aquele paciente que precisa de você. Outras vezes, sobretudo no que diz respeito ao tempo para educar e formar aquele filho, será importante entender que o paciente poderá ser bem visto e conduzido por algum colega de sua equipe, que, além das pressupostas competências técnicas e humanas, comunga de sua forma de cuidado para com o paciente.
Faz-se necessário, ainda, livrar-se do peso do perfeccionismo – entendendo perfeccionismo como algo ideal e, como tal, inatingível. É possível e desejável buscar desenvolver e colocar a serviço todo o seu potencial, fazendo o seu melhor pelo paciente e pelo seu filho.
Grande é o desafio porque grande e nobre é a missão! Ficaremos amedrontadas nos escondendo da vida? Ou arregaçaremos as mangas e colocaremos mãos à obra para deixarmos neste mundo um rastro luminoso de doação e amor?