o câncer de tireoide e os avanços no seu tratamento

O câncer da tireoide é o mais comum da região da cabeça e pescoço e afeta três vezes mais as mulheres do que os homens.  Sua prevalência varia da terceira para quinta posição de mais comum entre as mulheres, dependendo da região do país.

 

Segundo as últimas estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), O número de casos novos de câncer de tireoide estimados para o Brasil, para cada ano do triênio 2020-2022, será de 2.310 casos novos em homens e de 11.950 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 2,17 casos novos a cada 100 mil homens e 11,15 para cada 100 mil mulheres.

 

Apesar dos números expressivos, é uma doença com baixa letalidade. No Brasil, ocorreram, em 2017, 279 óbitos por câncer de tireoide em homens, esse valor corresponde ao risco de 0,28/100 mil. Em mulheres, ocorreram 526 óbitos, com risco de 0,51/100 mil.

Nota-se, contudo, um aumento importante no número de casos nas últimas décadas e acredita-se, muito provavelmente, que esses novos valores são referentes ao acesso facilitado a exames de imagem (ultrassonografia).            

 

Diante disso, temos a seguinte situação, um câncer que vem surgindo cada vez mais e que tem baixa letalidade, ou seja, uma doença com altas incidência e prevalência. A partir desta reflexão, é pertinente perguntar como está a evolução no tratamento dessa doença.

 

Atualmente, podemos citar condutas distintas frente a um diagnóstico de Carcinoma (Câncer) de tireoide. A mais aceita (padrão-ouro) é a própria cirurgia. Técnica que foi desenvolvida principalmente no final do século XIX por Billroth e Kocher, como nomes mais importantes. Interessante salientar que o procedimento tradicional sofreu poucas alterações desde a época destes dois cirurgiões, mesmo com todo o avanço da medicina presenciado nos últimos anos.

 

Evidentemente que os cirurgiões de cabeça e pescoço, aliados às novas tecnologias, conseguiram desenvolver novos métodos. São eles: as cirurgias endoscópicas e as de radioablação.

 

Diante de um mundo moderno, tecnológico e cada vez mais preocupado com a estética, tais técnicas vêm ganhando bastante força nos grandes centros por serem consideradas minimamente invasivas.

 

A cirurgia endoscópica (TOETVA – termo em inglês para cirurgia endoscópica por acesso transvestibular) ganha notoriedade por possuir os mesmos resultados cirúrgicos e oncológicos com o benefício de não deixar cicatriz visível. A tireoide é retirada pela boca! Inclusive podendo ser feito por via robótica, garantindo mais facilidade e destreza na cirurgia.

 

Já a segunda possibilidade (Ablação), é uma técnica ainda mais revolucionária, pois não necessita de cirurgia especificamente. Consiste na inserção, guiada por ultrassom, de uma ponteira diretamente no nódulo da tireoide (Figura 1), causando-lhe lesão térmica. Este procedimento já tem ótimos resultados para nódulos benignos, contudo os estudos para validar a técnica para os casos malignos ainda estão sendo validados, porém já com resultados promissores.

 

 

Figura 1 – esquema demonstrando a inserção da ponteira diretamente no nódulo sob visualização do ultrassom.

Após mais de 100 anos desde a primeira cirurgia regrada, podemos dizer, portanto, que houve sim avanços no tratamento do câncer de tireoide, tanto na parte de cirurgia com o advento de técnicas minimamente invasivas, como no complemento do tratamento com a iodoterapia, sendo esta indicada para casos mais graves nos quais apenas a cirurgia não é o suficiente para controle do câncer.

 

Dr. Valdenor Neves Feitosa Júnior – CRM: 16999 / RQE: 10954

Preceptor de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Santa Casa e do HGF

Especialista em Cirurgia Robótica pelo Hospital Israelita Albert Einstein

Especialista em Cirurgia Endoscópica de Tireoide pelo Johns Hospikins Hospital

Professor de Prática Cirúrgica da Faculdade de Medicina Unichristus

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