O impacto das redes sociais
A bem pouco tempo atrás existia muitas críticas aos profissionais que se utilizavam das redes sociais para divulgar seus trabalhos – muitas dessas críticas respaldados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que desaconselhava o uso das redes sociais para usufruto da imagem do médico. A maior preocupação era quanto a imagem e posicionamento do profissional ser visto como “charlatão”, aquele que só queria aparecer e não tinha autoridade suficiente para falar sobre determinado assunto.
Com a popularização e massificação das mídias sociais, atualmente se tornou – quase – uma obrigatoriedade usufruir das redes para a divulgação dos trabalhos, sejam eles científicos, laboratoriais ou, até mesmo, resultados clínicos pequenos, porém, promissores em consultórios médicos.
Tendo em vista a necessidade de um bom posicionamento, propagação de informação criteriosa e, até mesmo, a disrupção das regras engessadas, O CFM revisitou suas resistências e trouxe uma flexibilidade de usufruir da tecnologia muito maior ao médico. Mas, a partir de então, a reflexão: será que já se chegou à maturidade de entender o quão toda essa exposição possa ser favorável ao ponto de se tornar “apenas” mais uma ferramenta que acumulava atividades de uma profissão já tão sobrecarregada e cada vez mais exigida? Que rumo, então, irá tomar essa quantidade de informação repassada e consumida?
As redes sociais, hoje, são um grande currículo, “porta de entrada”, pois, além de mostrar o seu trabalho, possibilita dar detalhes sobre a execução de procedimentos, humanização e proximidade ao paciente, que, por muitos anos, achou “aquele médico” inacessível. Vimos que o impacto de todas essas inovações apresenta uma melhora significativa nessa relação médico e paciente. A tecnologia traz mais transparência e, por consequência, efetividade e afetividade. Favorece a comunicação entre essa relação e permite uma velocidade na prática médica.
Do contrário, é perceptível que, mesmo trazendo essa vantagem aos avanços tecnológicos, muitos médicos ainda são céticos e incrédulos, pois não conseguem se tornarem diferentes, terem destaque – e essa pressão por criação de conteúdo está adoecendo esses profissionais – que se cobram cada vez mais e acabam por limitar suas formas de divulgação.
Se fechar dentro do mundo virtual, esperar o conteúdo viralizar e trazer a fama, desejando, consequentemente, que o sucesso venha em paralelo, é esquecer o porquê da escolha da carreira. Observar por fora desse universo e sair dessa “bolha” pode (e deve) ser crucial para se diferenciar entre tantos iguais. As mídias sociais são importantíssimas na atualidade, mas de nada adiantam se não se atentarem ao básico, que é a centralidade no paciente e suas vitais necessidades.
Logo, ter equilíbrio é fundamental nesse processo de constante cobrança e atualizações permanentes. Aqui, o principal critério de desempate será sua verdade no “um a um”, ou seja, de nada vai adiantar viralizar, se dentro do consultório, além de solucionar problemas, o seu paciente não se sentir único e atendido.
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