Registro Hospitalar de Câncer

Um projeto conjunto do Colégio Americano de Cirurgiões e da Sociedade Americana de Câncer criou o National Cancer Database (NCDB). Este sistema gera dados com informações de quase 2000 hospitais. O Colégio Americano de Cirurgiões mantém nos hospitais, como critério de qualidade em seu programa de acreditação, o Registro Hospitalar de Câncer (RHC).

 

O RHC acompanha os pacientes nos hospitais em que realizam o tratamento com o objetivo de contribuir para o cuidado do paciente, fornecendo informações sobre os pacientes, sobre o tratamento que receberam e seus resultados.

 

Em 1993, a Portaria MS 170 determinou que hospitais que realizam atendimento oncológico pelo SUS deveriam implantar o RHC. O envio anual das bases de dados de cada hospital é obrigatório. Essas bases de dados são disponibilizadas para acesso público no Integrador RHC.

 

O RHC do Centro Regional Integrado de Oncologia (RHC-CRIO) iniciou suas atividades em 2008 e apresenta, no citado Integrador, a série histórica que vai até 2020.

 

O RHC-CRIO conta com três registradoras e uma coordenação médica. A registradora é o elemento chave de qualquer registro. Elas são as responsáveis pela coleta de dados válidos a partir da fonte principal que é o prontuário do paciente. Para exercer essa função faz parte da sua formação:

 

1) o conhecimento básico de anatomia, terminologia de saúde, do conteúdo do prontuário de saúde do paciente e do fluxo dos pacientes na instituição;

 

2) o conhecimento detalhado do Manual de Rotinas e Procedimentos do RHC, onde estão descritas as codificações de todos os itens da ficha de registro de tumor;

 

3) a correta utilização da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – CID-10, a Classificação Internacional de Doenças para Oncologia – terceira edição (CID-O-3ª-edição), que deriva da décima revisão da CID-10, a Classificação de Tumores Malignos – TNM 6ª edição, a Classificação Internacional de Tumores, a Classificação Internacional do Câncer na Infância – (CICI) e os códigos de identificação dos municípios brasileiros, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Todos esses conhecimentos são repassados nos treinamentos específicos para Registradores de Câncer.

 

A coordenadora tem como função planejar e acompanhar o trabalho das registradoras, acompanhar a evolução das fontes dentro da instituição, avaliar o trabalho e analisar os dados e elaborar relatórios.

 

O RHC-CRIO mantém relação permanente com o SAME da unidade que fornece sempre em tempo o principal material de trabalho, o prontuário. Este é, como já foi citado, a principal fonte de dados para o preenchimento das fichas do RHC, que são padronizadas pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), assim como o sistema próprio, o SIS-RHC. As fichas apresentam três conjuntos de itens, os obrigatórios (a serem coletados por todos os RHC), os opcionais (que são adotados a critério de cada hospital) e os itens complementares, definidos pela instituição para atender a demandas específicas (em número e formato limitado). Também é elaborada a ficha para o seguimento dos casos analíticos, cujo conteúdo é padronizado.

 

Os dados coletados compreendem as caraterísticas do paciente (gênero, idade, ocupação…), do diagnóstico (data, base mais importante…), do tumor (localização, tipo histológico, estadiamento…), do tratamento (data de início, tratamento realizado, estado da doença ao final do tratamento…), assim como dados sobre fontes de pagamento, óbito e causa de óbito, dentre outros.

 

A evolução tecnológica e a própria evolução da oncologia apresentam desafios importantes para os RHC. É necessário que os registros incorporem novas tecnologias e novos parâmetros de coleta para continuarem a ser úteis para as instituições e, mais importante, para os pacientes que representam. É imprescindível que se estenda a compreensão de que a informação é essencial para a gestão.

Dra. Miren Maite Uribe Arregi CRM: 5923 Membro da Associação Brasileira de Registros de Câncer. Coordenadora do RHC-CRIO.

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