Suplementação do Esporte à Medicina Preventiva

Há um preconceito enorme na medicina sobre suplementos, por serem frequentemente prescritos sem evidência científica ou associados a anabolizantes na musculação.

 

Por definição, suplemento é um produto que oferece uma substância já presente na alimentação, com o intuito de prevenção de doenças ou melhora da performance esportiva. Podem ser vitaminas, minerais, aminoácidos, macronutrientes, etc.

Exemplos clássicos de suplementação na medicina são o uso ferro em pacientes com hipermenorragia e ácido fólico na gestação.

 

Uma mesma substância pode ser considerada remédio ou um suplemento. Vitamina D em dose de profilaxia, é uma suplementação. Em doses terapêuticas na hipovitaminose, é remédio.

 

Focando nos suplementos esportivos. Podemos dividi-los em dois grupos. O primeiro é o de suplementos com função nutricional, de fornecer substrato energético ou estrutural. Os principais exemplos são o Whey Protein e os Carboidratos. No segundo estão os suplementos ergogênicos, cuja função é aumentar a performance. Com bom nível de evidência temos: cafeína, creatina, beta alanina, nitratos e bicarbonato de sódio.

 

Whey Protein e Creatina merecem discussão adicional, pela evidência acumulada.

 

Whey Protein é a proteína do soro do leite, produzido a partir de sua concentração, retirando elementos como gordura, carboidratos e caseína. A literatura é vasta sobre o potencial benéfico do Whey no desenvolvimento e manutenção da massa muscular, pelo estímulo à via mTOR e aumento da síntese proteica. O que é relativamente novo é a visão da medicina sobre a importância da massa muscular para fins não estéticos. Perda de massa muscular está relacionada a maior mortalidade em UTIs. E a sarcopenia está relacionada a síndrome da fragilidade no idoso e perda da independência e capacidade funcional.

 

Nesse contexto, o potencial benéfico do Whey é imenso na população idosa e frágil. Sobre a segurança, vale lembrar que o Whey já é um componente das fórmulas nutricionais usadas em hospitais, inclusive infantis, há décadas, apesar de muitos não saberem.

 

A creatina está envolvida na produção de energia pela via da fosfoquinase, aumentando a capacidade de produção de ATP em exercícios de alta intensidade. Existe nível A de evidência científica no ganho de massa muscular, com excelente perfil de segurança nas doses utilizadas, inclusive em pacientes com doença renal. Já discutimos a importância da reserva muscular na medicina e os potenciais benefícios decorrentes são claros.

 

Há potencial também na cognição em pacientes idosos. Entretanto, o nível de evidência ainda não é alto o suficiente para gerar recomendação nesta finalidade.

Há inúmeros suplementos disponíveis no mercado e seria temerário prescrever todos indiscriminadamente aos pacientes. Ao mesmo tempo, precisamos abrir a mente ao uso do que já tem benefício estabelecido na literatura, se realmente queremos prevenir doenças e não apenas tratar complicações.

 

Dr. Tiago Dias (*)

Graduação em Medicina pela UFC

Residência Médica em Radiologia e Diagnóstico por Imagem e Especialização em Neurorradiologia pela UNIFESP/Escola Paulista de Medicina.

Doutorado pela UNIFESP/Escola Paulista de Medicina.

Pós Graduação em Nutrologia pelo Hospital Israelita Albert Eisten.

Professor do Curso de Medicina da UNIFOR de 2012 a 2020.

Preceptor da Residência Médica do Hospital Geral de Fortaleza.

Dr. Tiago Dias (*) – CRM: 9932 / RQE: 7485 MD, PhD @tiagorochadias

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