
Tomografia Computadorizada do Tórax na Prática Médica
A tomografia computadorizada (TC) do tórax é um exame de imagem amplamente utilizado na prática médica para a avaliação detalhada dos pulmões e das estruturas torácicas. Diferente da radiografia simples (Raio-X), a TC permite uma análise mais precisa devido à sua capacidade de gerar imagens de alta resolução e avaliação tridimensional, possibilitando a identificação precoce e detalhada de diversas patologias pulmonares, incluindo doenças intersticiais, infecciosas e neoplásicas.
A TC torácica desempenha um papel fundamental na investigação de sintomas respiratórios, como tosse persistente, dispneia (falta de ar), dor torácica e hemoptise (expectoração com sangue). Além disso, é essencial para o estadiamento de tumores, monitoramento de tratamentos e acompanhamento de pacientes com doenças crônicas.
Uma das grandes vantagens da TC é a possibilidade de utilizar diferentes protocolos e técnicas para otimizar a visualização de determinadas estruturas. O uso da tomografia de alta resolução (TCAR), por exemplo, é especialmente indicado para avaliar doenças pulmonares difusas. Já a TC com contraste intravenoso melhorou a diferenciação entre vasos sanguíneos, lesões tumorais e processos inflamatórios.
As doenças pulmonares intersticiais (DPI) compreendem um grupo heterogêneo de patologias que afetam o interstício pulmonar, levando a inflamação, fibrose, comprometimento da troca gasosa e oxigenação do sangue. Uma TC de alta resolução é a principal ferramenta para o diagnóstico dessas doenças, permitindo a identificação de padrões típicos, como vidro fosco, espessamento septal, bronquiectasias por atração e reticulado subpleural.
Dentre os principais padrões, destaca-se a pneumonia intersticial usual (PIU), com presença de opacidades reticulares e faveolamento predominantemente nas bases pulmonares e a pneumonia intersticial não especificada (PINE), com predomínio de vidro fosco podendo ter ou não componentes de fibrose. A PINE pode ter várias etiologias, como doenças do colágeno, doenças autoimunes ou causadas por efeito colateral de diversos fármacos.
A TC também é essencial na avaliação de infecções pulmonares, especialmente quando a radiografia (Raio-X) não fornece informações conclusivas. Permitindo a avaliação com maior acurácia dos achados, assim como também identificar possíveis complicações como derrame pleural, abscessos, empiemas ou necrose pulmonar.
A tuberculose, por exemplo, pode apresentar-se no TC com cavitações, nódulos centrolobulares e padrão de árvore em brotamento e disseminação broncogênica. Já infecções virais, como a COVID-19, geralmente demonstram opacidades em vidro fosco de distribuição periférica e bilateral, sendo o TC um exame crucial para avaliar a gravidade e extensão da doença.
O pulmão é um dos principais sítios para acometimento neoplásico primário e secundário, e a TC torácica tem um papel central em seu diagnóstico precoce, estadiamento e acompanhamento do tratamento. A detecção de nódulos pulmonares é fundamental para a identificação de tumores em estágio inicial, aumentando as chances de tratamento curativo.
Os nódulos pulmonares podem ser classificados como sólidos, subsólidos ou em vidro fosco, assim como contendo ou não gordura e/ou calcificações. A avaliação de suas características, como tamanho, bordas e taxas de crescimento, auxilia na diferenciação entre lesões benignas e malignas. Além disso o contraste pode evidenciar realce heterogêneo em tumores agressivos e identificar linfonodomegalias mediastinais e axilares, ajudando na avaliação da extensão da doença e em seu acompanhamento.
A tomografia computadorizada do tórax é um exame indispensável na investigação de diversas patologias pulmonares. Sua capacidade de fornecer imagens em várias dimensões e com alta resolução permite um diagnóstico mais preciso e precoce, impactando diretamente no prognóstico dos pacientes. Seja na avaliação de doenças intersticiais, infecções pulmonares ou neoplasias, a TC continua sendo uma ferramenta essencial na prática médica, auxiliando no diagnóstico, na definição do melhor tratamento e no monitoramento da evolução das doenças.

Compartilhe: