Uma Santa Casa Inovadora
Como todas as organizações do mundo atual, a Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza não poderia ficar ao largo do mundo da inovação, aqui entendidos todos os espectros possíveis, ou seja, desde um simples ajuste em um processo até inovações disruptivas, em que se apresentam soluções radicais para os problemas existentes.
No ramo da saúde, áreas como a biotecnologia têm avançado bastante em termos de inovação nos tratamentos cada vez menos invasivos, mais seguros e com maior eficácia. Também se pode destacar o desenvolvimento de novos medicamentos, de novas formas de atendimento, de novos equipamentos, etc. permitindo um crescimento significativo em benefício do paciente e de toda a sociedade.
E é esta área uma das mais afetadas pela ineficiência na gestão pública, gerando situações como extensas filas de pessoas à espera de cirurgias, tendo superado um milhão em junho de 2023. Vale lembrar que sete em cada dez brasileiros dependem da saúde pública e essa ineficiência é uma ameaça à dignidade humana e ao próprio crescimento do país.
Portanto, continuar fazendo as coisas como se fazia nos anos 80s e 90s, utilizando processos manuais, sistemas apenas locais, às vezes diversos deles que não “conversam” entre si, fragmenta a gestão e impede que haja a necessária eficiência, com o uso adequado dos recursos já tão escassos.
Embora não seja a Santa Casa uma entidade pública, sua natureza é muito semelhante por ser uma instituição filantrópica estruturada com base no atendimento aos pacientes do Sistema Único de Saúde – SUS, que apresenta uma defasagem de valores financeiros gritante, porquanto a Tabela SUS não é integralmente atualizada há mais de 20 anos, como mostra o valor de uma consulta médica, ainda remunerada em R$ 10,00 (dez reais), por mais irreal que isto possa ser, com desculpas pelo trocadilho.
Assim, até como forma de sobrevivência nesse deserto de recursos financeiros, insuficientes para manter o funcionamento normal sem depender tão fortemente de aportes pela via das doações ou emendas parlamentares, a Santa Casa precisava quebrar o status quo e abrir caminhos para a inovação, como vem fazendo desde a implantação de sua Diretoria de Inovação em Saúde.
A partir dela, já se mostram avanços em soluções simples de redesenho de processos, de estabelecimento de prioridades, mas principalmente de busca por parcerias com outras instituições já mais afeitas a esse mundo. Prova disso é um leque grande de acordos de cooperação que já firmou ou está em vias de firmar com organizações das mais diversas.
Como exemplo dessas parcerias temos a Federação das Indústrias do Ceará, as Universidades Federal e Estadual do Ceará (UFC e UECE), o Instituto Federal (IFCE), o Centro Universitário Unichristus, o Núcleo de Tecnologia (NUTEC), para citar apenas alguns locais. Em âmbito nacional, já mantivemos contatos iniciais com a Diretoria de Excelência do Hospital Albert Einstein, um exemplo para o Brasil.
Tudo isso leva a uma visão mais moderna de gestão baseada em dados, dentro de uma cultura organizacional de evolução inovativa, isto é, que entende a inovação como uma necessidade constante. Essa visão se alarga no sentido de valorizar ainda mais o foco no paciente e na liderança colaborativa e transparente.
A fonte de recursos públicos traz para as entidades filantrópicas algumas das questões mais sentidas na gestão pública, como processos de grande complexidade e fiscalização por vários órgãos reguladores que terminam por inibir ações inovadoras, que fogem aos caminhos já definidos e validados anteriormente, como se não pudesse haver uma melhor forma de fazer.
Como é impossível inovar fazendo as coisas como sempre foram feitas, essas parcerias que a Santa Casa está conquistando irão proporcionar uma abertura para novos padrões, ao tempo em que preservarão nossos esforços para continuar a nobre missão, com atendimento humanizado e de excelência.
As tecnologias hoje existentes permitem que, a partir de bancos de dados confiáveis e robustos, as decisões sejam muito mais rápidas e precisas. O crescimento da robótica, as aplicações da inteligência artificial e novas ideias que surgem e que pareciam um sonho em um passado recente em breve povoarão nosso espaço. E a Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza estará cada vez mais presente e integrada, como sempre esteve, salvando vidas desde 1861.