Você deseja morrer? Suicídio na classe médica precisamos falar sobre isso!

  1. Médicos e estudantes de medicina realmente cometem mais suicídio? 300 a 400 médicos cometem suicídio por ano no mundo, uma média de 01 (um) suicídio por dia. Estudos internacionais estimam que os médicos se matam 2,45 vezes mais que o restante da população. Um Estudo com médicos paulistas, mostrou que a idade média é 47 anos. Alexandrina Meleiro afirma que médicos no Brasil cometem 5 vezes mais suicídio que a população geral.
  1. Quais especialidades têm maior risco? Anestesiologistas tem chance dobrada que qualquer outra especialidade médica, seguido de cirurgiões, emergencistas, ginecologistas/obstetras e psiquiatras.
  2. Por que as altas taxas de suicídio? Acesso a meios mais eficazes de letalidade, isolamento social desde a faculdade, situação conjugal insatisfatória, situação empregatícia precária.
  3. Quais os fatores de risco? Tentativa anterior de suicídio, doenças mentais, uso de substâncias, burnout, disponibilidade de meios, ideação suicida verbalizada, preparação de testamentos e despedidas, luto, divórcio, doenças, início ou cessação de psicotrópicos, desesperança, história família de suicídio, alterações financeiras, maiores demandas de trabalho, dentre outros.
  4. Quem quer morrer, não avisa? Avisa sim! 2/3 dos indivíduos que cometeram suicídio comunicaram suas intenções para familiares, amigos e médicos. As Tentativas e atos suicidas são GRITOS DE AJUDA!
  5. O que colegas próximos podem observar? Entre os médicos que cometeram suicídio, seus colegas próximos relataram: Mudança de comportamento, aumento de indecisão, aumento de desorganização, depressão por dois a quatro meses precedendo o suicídio.
  6. Tem diferença entre médicas e médicos? Alguns estudos, (MELEIRO, 1998), relatam que médicas cometem 04 (quatro) vezes mais suicídio que a população geral e tem maiores taxas que médicos do sexo masculino.
  7. O que mais pode chamar atenção para risco de suicídio?
    1. Recentes perdas profissionais, financeiras ou mais licenças médicas.
    2. Tendem a trabalhar mais horas que seus pares.
    3. Tendem a abusar de álcool e outras drogas.
    4. São mais insatisfeitos com suas carreiras.
    5. Dão sinais de aviso aos colegas.
    6. Desordem mental e emocional são mais frequentes.
  8. O que podemos fazer?
    1. Por ser um assunto extremamente pessoal, devemos conversar a sós com o médico ou estudante de medicina.
    2. Em geral, a pessoa se sente aliviada de ser questionada e poder falar sobre o assunto
    3. Pode-se perguntar diretamente sobre ideação suicida.
    4. Muitas pessoas tem receio de perguntar sobre ideais suicidas e “despertar” este pensamento no outro, mas estudos demonstram que isso não ocorre, sendo um fator de alívio para quem é questionado.
  9. Quais perguntas podemos fazer quando suspeitarmos?
    1. Você deseja morrer?
    2. Se Deus lhe levasse ou se acontecesse algo a você, seria bom?
    3. Você já tentou suicídio antes?
    4. Está planejando algo?
    5. Como estão seus planos para o futuro?
  10. Todas as ameaças suicidas devem ser encaradas com seriedade, mesmo que possam parecer falsas ou com função manipuladora.
  11. O que fazer, então?
    1. Solicitar que o colega conversa com a família sobre tais pensamentos.
    2. Questionar se já está em tratamento.
    3. Tratar patologia de base, como depressão, bipolaridade, abuso de substâncias.

Um consenso de especialistas americanos sugere que a cultura médica tacitamente desestimula a assistência precoce porque aqueles que procuram ajuda podem ser estigmatizados e expostos a preconceitos, podem correr o risco de desemprego e pode até perder sua licença profissional. O consenso afirmou que a remoção dessas barreiras culturais e institucionais é imperativa e constitui uma medida que salva vidas. (Center C, Davis M, Detre T, Ford DE, Hansbrough W, Hendin H, et al. Confronting depression and suicide in physicians: a consensus statement. JAMA. 2003;289:3161-6.)

 

Dr. David Martins de Araújo Costa  (*)

Graduado em Medicina pela Universidade federal do Ceara- 2007.

Residência em Psiquiatria pelo Hospital de Saúde Mental – Esp/CE.

Coordenador do Pronutra/Unifor – desde 2011.

Pós Graduado em Transtornos alimentares e obesidade pela Unifor.

Pós Graduado em Terapia Cognitivo comportamental Pela Unichristus.

Preceptor da Residência Médica em Psiquiatria pela Escola de Saúde Pública do Ceará.

Preceptor do Internato em Psiquiatria pela Unichristus.

Dr. David Martins de Araújo Costa (*) CRM: 10602 / RQE 6319 Psiquiatra

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